IMPACTO DA TROCA DE AUDITORES NOS HONORÁRIOS DE AUDITORIA

José Alves Dantas, Alexsandra Cristina Almeida Ramos

Resumo


O estudo teve como objetivo avaliar se e de que forma a remuneração dos auditores seria afetada pela troca das firmas de auditoria, incluindo a especificação dos casos em que a substituição se dá em função da imposição do rodízio ou voluntariamente. Utilizando dados de 338 companhias não financeiras, de 2009 a 2016, foram estimados modelos de dados em painel, usando, alternadamente, três variáveis de interesse – as trocas de auditoria, de forma geral, as trocas decorrentes do rodízio obrigatório e as trocas voluntárias. Os resultados demonstraram que a remuneração dos auditores é negativamente associada à troca de auditoria, de forma geral, e às trocas voluntárias. Quando considerados apenas os eventos de troca obrigatória, a relação, apesar de negativa, não é relevante. Em resumo, as companhias que realizam a troca de auditoria voluntariamente tendem a reduzir os honorários, mas não é possível se afirmar o mesmo quando a troca decorre de exigências regulatórias. Essas evidências de low balling no mercado brasileiro de auditoria remetem a preocupações quanto a eventuais consequências na qualidade dos trabalhos desenvolvidos, tendo em vista que a redução da remuneração pode resultar na aplicação de menores esforços na realização dos trabalhos, por parte dos auditores, de forma a manter a margem de rentabilidade.

Palavras-chave


Auditoria. Remuneração. Rodízio. Troca de Auditores.

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DOI: https://doi.org/10.26694/2358.1735.2019.v6ed27592

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