Meninos e meninas adolescentes em situação de analfabetismo funcional: diferentes abordagens frente ao desamparo da palavra

Lucinéia Toledo

Resumo


O presente trabalho deriva-se de pesquisa em nível de Doutorado e Pós-Doutoramento em Educação, cujo objeto foi a situação de analfabetismo funcional entre adolescentes, matriculados em turmas de EJA Juvenil de uma escola pública de Belo Horizonte. O grande contingente de adolescentes que apresentam dificuldades significativas em estruturar seu discurso escrito denuncia que algo está “fora da ordem”, constituindo-se como um sintoma do mal-estar na educação. Assim como em nossa Tese, a linguagem escrita foi discutida a partir dos pressupostos da psicologia histórico-cultural e da psicanálise, pensando no sujeito cognitivo e do inconsciente.  Ambos, de maneira bastante distinta se ancoram no discurso e são mediados pelo Outro da linguagem, em uma relação intrínseca e inseparável. Nesse sentido, propusemos como objetivo, analisar as diferentes maneiras pelas quais o sujeito adolescente com baixo nível de letramento, ainda que escolarizado, pode vir a se inscrever psíquica e socialmente. Através da metodologia de Pesquisa-Intervenção, com orientação clínica da psicanálise, oferecemos um espaço de circulação da palavra (oral e escrita), que denominamos como “espaços de fala”. A partir dos espaços de fala pudemos observar maneiras muito diferenciadas de se posicionar subjetivamente frente às questões propostas na conversação. Enquanto as meninas participavam ativamente das conversas e falavam com relativa clareza das questões que lhes afligiam, os meninos em geral repetiam comportamentos de brincadeiras, zombarias e atos de indisciplina.  Mas, em ambos os casos foi possível observar que, estando ainda alienados em relação ao desejo do Outro, esses meninos e meninas apresentavam grande dificuldade em se inscrever como sujeito de sua escrita.  Foi possível também problematizar a palavra (oral e escrita) como um dispositivo importante para auxiliar o trabalho psíquico e social dos adolescentes e analisar os efeitos subjetivos da não aprendizagem da palavra escrita sobre os mesmos.


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ISSN 2317-2754