A Resposta Brasileira à Crise Humanitária Haitiana: o que Pensam o Governo e os Jornais
Resumo
Este artigo compara como a resposta brasileira à crise humanitária haitiana foi enquadrada pelos discursos editoriais dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo e pelos discursos oficiais dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Desde 2004, quando se agravou a tensão política no Haiti após a renúncia do então presidente Aristide, o Brasil desempenha um importante papel na coordenação da resposta internacional à crise, tendo liderado a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH). O envolvimento brasileiro foi reflexo da ênfase da política externa nacional, sobretudo sob o governo Lula, em projetar o país internacionalmente e reforçar a agenda de cooperação com o sul global. O artigo busca, portanto, elucidar como esta iniciativa brasileira é representada no debate público por dois atores chaves: a imprensa e a presidência. Metodologicamente, os editoriais e discursos presidenciais são analisados a partir da noção de matriz de assinatura proposta por William Gamson, segundo a qual temas de debate público são agrupados em pacotes interpretativos cujos elementos enquadram os temas de formas particulares. O artigo conclui que a imprensa adota postura crítica a respeito da resposta oficial brasileira à crise haitiana e de suas justificativas, sobretudo às noções de solidariedade, identidade compartilhada e responsabilidade internacional por parte do Brasil.
Palavras-chave
Haiti. Crise humanitária. Imprensa e política externa.
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PDFDOI: https://doi.org/10.26694/rcp.issn.2317-3254.v6e1.2017.p161-176
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ISSN 2317-3254