A OBRIGATORIEDADE DO ENSINO DA FILOSOFIA E A EMERGÊNCIA DE UMA DIDÁTICA FILOSÓFICA
Resumo
Este artigo é uma tentativa de expor, no decurso do histórico do ensino de filosofia na escola básica brasileira, o processo no qual emerge, no âmbito dessa disciplina, a preocupação com uma didática especificamente filosófica. Primeiramente, faz-se uma retomada histórica da filosofia como disciplina escolar e analisa-se o contexto referente à sua reintrodução no currículo, até sua definitiva obrigatoriedade, em 2008. Vê-se que esta volta efetiva faz que, conquistada a legitimidade institucional da disciplina agora garantida em lei, os estudos e debates sobre a didática, em curso desde os anos de 1970, tomem maior visibilidade. Em face disso, demonstra-se posteriormente que os estudos sobre uma didática em filosofia superam a oposição existente entre ensino por temas ou por conteúdos históricos, na medida em que a conversão do saber filosófico em conhecimento escolar “deve processar-se pelo ângulo de determinado conteúdo”, fazendo correspondência entre diferentes concepções de filosofia e os objetivos educacionais da disciplina. Por fim, como exemplo loquaz dessa concepção de didática filosófica, explicita-se o procedimento filosófico-didático desenvolvido por Sílvio Gallo, com base na concepção de Deleuze e Guattari da filosofia como criação de conceitos.