A ESTILÍSTICA DO GÊNERO DISCURSIVO NO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA
Resumo
Este artigo tem por objetivo discutir a importância do uso de metodologias de ensino que contemplem questões de estilística sociológica no ensino de língua materna. Para Bakhtin (2013[1942-1945]), as formas gramaticais não devem ser separadas de seu valor estilístico. Precisam ser compreendidas em conexão com o contexto extraverbal, com as relações axiológico-dialógicas. Bakhtin (2015[1934-1936]) propõe a estilística do gênero, argumentando a favor de que o estudo da língua deve ser realizado a partir dos gêneros discursivos. Medviédev (2016[1928]) critica o método formal nos estudos literários, defendendo uma estilística sociológica. Os autores do círculo bakhtiniano entendem que a língua deve ser estudada na sua relação com os aspectos sociais. Diante dessas considerações teóricas, questionamos: Como as relações axiológico-dialógicas definem os aspectos linguístico-estilísticos? Como o gênero discursivo pode orientar o estudo das formas da língua? Tendo em vista esses questionamentos, selecionamos como corpus comentários online sobre notícias acerca do acontecimento social: Impeachment da presidente Dilma Rousseff. Nosso aporte teórico tem como base a teoria dialógica: Bakhtin (2015[1934-1936]; 2003[1979]) e autores que discutem teórico-metodologicamente as noções bakhtinianas no ensino de língua materna, tais como: Rojo e Jurado (2006); Cunha (2006). A pesquisa revelou que é improdutivo estudar as formas da língua apartadas das entonações axiológico-dialógicas que antecedem as escolhas linguístico-estilísticas. Percebemos que essas escolhas feitas pelo falante, no gênero comentário online, são de caráter social e individual ao mesmo tempo, determinadas tanto pela entonação característica da singularidade desse falante, quanto pela orientação do gênero.
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