Discurso, Escuta e Silência em “Ser e Tempo”

Robson Costa Cordeiro

Resumo


Em “Ser e Tempo”, o discurso não significa originariamente a mera enunciação de frases e enunciados, referindo-se, antes, ao vir à presença daquilo que subitamente se impõe com a força, a surpresa e a novidade do movimento criador e inaugurador de realidade. Este súbito impor-se exige a escuta, que Heidegger considera não a partir das determinações cientificas da fisiologia ou da psicologia. A escuta não é um fenômeno da audição, mas sim ontológico, constituindo a essência da linguagem. Isso porque a linguagem antes de ser um dizer é um ouvir, de modo que só pode dizer algo quem pode ouvir, quem é “todo ouvidos”. Ouvir é corresponder ao apelo da fala do ser, que fala como aceno, como provocação, como aquilo que repercute silencioso no que foi dito. O silêncio não diz respeito ao movimento de introspecção, de ausculta da interioridade, mas sim ao abrir-se para o ser que cala em todo dizer. Nessa abertura, o silêncio do ser fala, ou melhor, o ser fala como silêncio.


Palavras-chave


Heidegger, linguagem, discurso, escuta, silêncio.

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Referências


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DOI: https://doi.org/10.26694/pensando.v11i23.10784

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