Resumo
No momento em que se tornam docentes universitários muitos doutores, pela primeira vez, enxergam-se como professores, iniciando, nesse mesmo momento, seus processos de construção da identidade docente. Este trabalho buscou investigar o processo de transição de estudante a professor universitário, dentro da perspectiva da iniciação à docência. Ainda, analisamos a sequência formativa desses docentes, as sensações do trânsito entre a condição de estudante e a de professor e alguns desafios da iniciação à docência. A pesquisa, de abordagem qualitativa, teve como contexto a Universidade Federal de Pelotas. A coleta de dados foi feita através de observações de aulas e de entrevistas com seis professores. Eles tinham até 32 anos, possuíam até 2 anos e 7 meses de experiência docente, não possuíam formação pedagógica e eram recém-doutores que, após cursar, sequencialmente seus estudos de graduação e pós-graduação, ingressaram na docência superior. Os dados, trabalhados através da análise de conteúdo, foram interpretados e discutidos a partir de teorias sobre docência universitária, identidade docente e iniciação à docência. Observamos que a transição identitária de sses sujeitos exige aprendizagens, superação de tensões, enfrentamento das inseguranças e equilíbrio pessoal e profissional. Identificamos que eles resgatam suas experiências estudantis para fazerem-se professores. A construção de suas identidades docentes se constitui também pelo trânsito de ida e volta entre suas condições de professor e de aluno. Por ainda estarem nesse processo transitório, mesclam suas identidades de estudante e de professor. Eles estão no início de carreira e é nela que vão construindo suas novas identidades, suas identidades docentes.