Fora de si: quando a morte é o fim de uma migração fracassada

Clélia Gomes dos Santos, Ricardo Martins Valle

Resumo


A literatura de Antônio Torres traz, por meio da ficção, a transitoriedade da vida, um tema “universal” na tradição do Ocidente europeu, e aponta para a morte a partir de elementos indiretos e insinuando sua presença em diferentes situações narrativas. A morte povoa todas as tradições literárias e, dentre outros elementos, será discutida neste artigo sob diferentes aspectos; sendo por suicídio o debate torna-se ainda mais complexo, já que há de se considerar as condições e contextos que levam o sujeito a esse extremo. Nessa perspectiva, investigamos a representação do suicídio na novela contemporânea Essa Terra, de Antônio Torres, que conta a história de Nelo, sua partida do Junco para São Paulo, na expectativa de uma vida melhor, e o seu retorno, vinte anos depois, sem alcançar os luminosos objetivos menos traçados do que vislumbrados para sua estada na “terra prometida”. Frustrado com o retorno inglório, Nelo suicida-se pouco depois de retornar para sua terra natal. Nossa hipótese é a de que sujeitos condições de desterro, submetidos às pressões materiais e simbólicas da migração, sujeitam-se a situações extremas e o sentimento de inadequação resultante naquele que a vida transformou em um estrangeiro em toda parte torna a fuga o sistema da vida. Valemo-nos dos estudos de BHABHA (2005), BAUMAN (2005), HALL (2006) e DELEUZE; GUATTARI (1997).

Palavras-chave: Literatura; Migração; Antônio Torres; Suicídio.


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