"A Violência não nos pertence, nós somos vítimas dessa violência": discursos sobre o genocídio da população negra em Recife-PE
Resumo
A discussão sobre o genocídio da população negra tem sido intensificada a partir da luta antirracista dos movimentos negros no Brasil, que buscam apontar a desigualdade e a violência que os atingem na sociedade. Nessa perspectiva, os discursos sobre o genocídio da população negra aparecem sob a forma de protesto político e a militância antirracista tem buscado evidenciar o fenômeno de violência e exclusão que definem as condições desse segmento na História Brasileira. É a partir da ideia do Mito da democracia racial e de um colonialismo ainda não rompido que a interpretação das estatísticas de mortes das vidas negras e dos índices de acessos à saúde, educação, moradia, entre outros, revelam a condição do ser negro. A nossa pesquisa busca compreender a construção dos discursos sobre o genocídio da população negra no cenário de Recife-PE. A partir dos discursos, identificamos os posicionamentos dos sujeitos sociais através do aporte teórico pós-colonial e da análise crítica do discurso na perspectiva de Teun Van Dijk, analisando os mecanismos mais ou menos sutis pelos quais o sistema de dominação racial é reproduzido. Por meio de entrevistas, foi possível perceber os elementos que compõem e constroem os discursos sobre o genocídio da população negra pautados numa desmistificação da igualdade racial. Aponta-se que os discursos analisados estabelecem duas principais matrizes sociais discursivas: as raízes do Colonialismo português e o Mito da Democracia Racial que se apresentam sob uma rede de significados, denunciando que não rompemos com esses fundamentos e que a democracia racial já tensionada se encontra em crise a partir dos discursos evidenciados no cenário político.
Palavras-chave
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PDFDOI: https://doi.org/10.26694/rcp.issn.2317-3254.v8e1.2019.p29-48
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ISSN 2317-3254