Filosofia Política

Programa de Pós Graduação em Ciência Política - UFPI

Resumo


Diante de tempos sombrios, pensar e, principalmente, pensar em concerto, torna-se uma atividade capaz de lançar alguma luz sobre nossas ações, já diria Hannah Arendt. Aqui temos os trabalhos de diversos pesquisadores e pesquisadoras que trazem algumas contribuições a respeito de questões políticas e sociais que, desde a antiguidade até os dias atuais, representam ainda questões relevantes. Esses trabalhos são norteados pelo presente dossiê, intitulado “Filosofia Política”.

A reunião da qual falamos aqui, em sentido arendtiano, ainda que não seja mensurável espacialmente, traz a potência de quem está comprometido em pensar e lançar aos seus iguais o fruto reificado de alguns desses pensamentos. Esse comum comprometimento poderá ser para nós uma luz, senão para guiar diretamente nossas ações, ao menos para nos inspirar a pensar junto, fazendo jus à ideia desta revista. Temos os seguintes trabalhos nesta edição da Conexão Política:

Eduardo Emanuel Ferreira Leal, no artigo “O HOMEM E SUA FORTUNA: UM DIÁLOGO PERENE”, retorna aos gregos e à rica contribuição destes à tradição do pensamento ocidental. A ideia de relembrar que já os gregos anunciavam o caráter agônico da ação humana nos ajuda a compreender, junto, por exemplo, de Marta Nussbaum, a quem o autor recorre para tratar da atualidade dos gregos, que temos diante de nós uma questão perene: a busca pela felicidade.

Buscando apoio dialógico em dois importantes filósofos, Anderson Carvalho dos Santos traz em “PARTICIPAÇÃO E APATIA POLÍTICA: REFLEXÕES SOBRE O CIDADÃO E O EXERCÍCIO DA CIDADANIA” um ensaio em que a compreensão de democracia e participação política nos ajudam a melhor diagnosticar e entender um fenômeno muito presente em nossa época, mas que pode ser encontrado nos diversos momentos de nossa tradição, qual seja: a apatia política.

Paulo Rangel Araújo Ferreira, com o artigo “REPUBLICANISMO E SOBERANIA POPULAR EM IMMANUEL KANT”, traz para discussão o pensamento político de Kant a partir das noções de república e soberania. Trata-se de uma pesquisa que explora a contribuição de um dos mais importantes filósofos modernos no debate sobre os alcances da soberania popular sob uma república.

Ainda próximo do pensamento filosófico moderno, o artigo de Agemir Bavaresco e Danilo Vaz-Curado R. M. Costa, “SCHELLING E A APORIA DE UM DIREITO NATURAL”, parte da obra de Schelling e do debate moderno acerca do direito natural. A ideia é apresentar as teses de Schelling a respeito do direito, destacando sua contraposição à noção jusnaturalista tão discutida por outros filósofos de sua época.

Francisco Jozivan Guedes de Lima, em seu artigo “CONCEPÇÕES PROCEDIMENTALISTAS E RECONSTRUTIVISTAS DA JUSTIÇA”, lança luz sobre duas concepções de justiça, que tradicionalmente são tratadas distintamente, a fim de imaginar uma leitura não polarizada das mesmas, ressaltando que princípios e contextos podem e devem ser considerados conjuntamente, possibilitando a realização de uma noção de justiça que traz o equilíbrio entre deontologia e historicidade.

O trabalho de Aline Soares Lopes e Alexandrina Paiva da Rocha, “O ESTADO TOTALITÁRIO E OS DIREITOS HUMANOS: REFLEXÕES A PARTIR DA OBRA ‘ORIGENS DO TOTALITARISMO’ DE HANNAH ARENDT”, realiza um sobrevoo sobre uma das obras mais importantes de Hannah Arendt, Origens do totalitarismo (1951), destacando os impactos dos regimes totalitários nos direitos humanos. As pesquisadoras trazem uma interessante e atual contribuição junto à obra de Arendt que diz respeito ao fenômeno do totalitarismo: mesmo com o fim dos regimes totalitários ainda podemos encontrar em nossa democracia liberal diversos dos mecanismos totalitários. Trata-se de uma tarefa de importância singular atentar para os perigos inerentes à presença desses mecanismos, sobretudo quando vivemos uma retomada de antigas posturas fascistas por governos em nossa época e quando alguns direitos humanos fundamentais ainda não estão assegurados para todos.

Para somar junto a essa reflexão arendtiana acerca dos direitos humanos, John dos Santos Freitas apresenta seu trabalho “A FUNDAMENTAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS EM NORBERTO BOBBIO: DO PROBLEMA FILOSÓFICO AO PROBLEMA POLÍTICO”. O autor faz o questionamento à proposição de Norberto Bobbio de que os direitos humanos prescindem qualquer fundamentação filosófica. Ainda que diante do efetivo resguardo dos direitos humanos (o que é problemático per si, dado que, mesmo dentro uma determinada sociedade, diferenças econômicas, de raça e de gênero, por exemplo, influenciam o alcance desses direitos), existirá sempre a possibilidade de subtração dessas garantias. Antes, podemos encontrar no debate acerca da fundamentação dos direitos humanos um importante aliado para a contínua ampliação de direitos e para a manutenção daqueles já alcançados.

Para finalizar, de modo a convidar o leitor a apreciar outra obra, Rafaella Santiago traz a resenha do livro “CONSENSO E CONFLITO NA DEMOCRACIA CONTEMPORÂNEA” (2017), de Luis Felipe Miguel. Essa resenha de Rafaella Santiago oferece cuidadoso corrimão para a leitura da obra de Luis Felipe Miguel que, além de tratar-se de um livro intimamente ligado a outras publicações do autor, exige acompanhar as teses de alguns dos pensadores mais importantes no cenário político contemporâneo.


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Filosofia Política

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DOI: https://doi.org/10.26694/rcp.issn.2317-3254.v8e2.2019.p%25p

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ISSN 2317-3254