UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA CARTILHA DE REDAÇÃO DO ENEM PARA PARTICIPANTES SURDOS OU DEFICIENTES AUDITIVOS

Raimundo Gomes de Oliveira Junior

Resumo


Nesta pesquisa, consoante à Análise de Discurso Materialista, fundamentada nos trabalhos de seu principal articulador Michel Pêcheux, na França e Eni Orlandi, no Brasil, em uma pesquisa de gênero cartilha do participante, me proponho a analisar uma versão do manual de redação do ENEM dedicada aos participantes surdos ou com deficiência auditiva, intitulada A Redação do ENEM 2020 – Avaliações das Redações dos Participantes Surdos ou com Deficiência Auditiva. Na tentativa de atenuar as dificuldades que o público surdo tem, desde 2000 o Inep vem oferecendo recursos diferenciados para que esses se inscrevam e tenham possibilidade de participação e em 2020 disponibilizou o manual supracitado em que foram apresentadas as especificidades da avaliação dos textos desses sujeitos. Tomando essa materialidade para nossa análise, na perspectiva teórico-metodológica que busca atravessar a ilusão de transparência da linguagem e da literalidade do sentido, percebemos, de modo geral que, embora o Inep (2020) se proponha a adotar regras que atendam as necessidades do povo surdo, percebemos que seus critérios de correção acabam por privilegiar os sujeitos deficientes auditivos que têm a língua portuguesa como L1 em detrimentos dos sujeitos surdos que possuem tal língua como L2, ainda que a instituição se enuncie como reconhecedora das diferenças textuais que podem se apresentar em textos dessas diferentes formas de autoria.


Palavras-chave


Enem; Redação; Libras; Surdos; Deficientes Auditivos

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