O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO REMOTO EM TEMPOS PANDÊMICOS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES REAIS EM AULAS VIRTUAIS

Resumo

Os tempos pandêmicos iniciados com o novo coronavírus se configuram pelas mudanças incontestes provocadas nas diversas estruturas da sociedade. Com isso, as estruturas educacionais também foram forçadas a mudanças, sendo a mais significativa delas a oferta do ensino remoto através de plataformas digitais. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é refletir sobre o trabalho com gêneros textuais no ensino remoto, destacando desafios e possibilidades desse trabalho através do WhatsApp. Trata-se de um estudo de caráter qualitativo cujos dados foram colhidos através de observação e interação remotas e de consultas realizadas aos arquivos pedagógicos do autor deste estudo. Tem como lócus uma turma do 3º ano do ensino fundamental e como ponto de partida o mês de abril de 2020, quando foram iniciadas as aulas remotas através do WhatsApp na referida turma. Os dados colhidos foram analisados de forma qualitativa e à luz dos estudos de Bakhtin (1997); Marcuschi (2002); Cavalcante e Marcuschi (2007); Kaieski, Grings e Fetter (2015); Alves (2020); Arruda (2020); Joye, Moreira e Rocha (2020); entre outros. Os resultados indicam que os principais desafios enfrentados em relação ao trabalho com gêneros no ensino remoto tangem às próprias especificidades dessa nova forma de ensino junto a crianças ainda em vias de alfabetização, bem como às dificuldades de organizar uma rotina diária de trabalho com a realização de atividades colaborativas, em grupo e com interação simultânea das crianças; de avaliar adequadamente as produções escritas das crianças; e de trabalhar os gêneros textuais de modo a desenvolver nas crianças, de forma significativa, as habilidades de análise linguística e semiótica, conforme estabelecido pela Base Nacional Comum Curricular. Por seu turno, as possibilidades encontradas seguiram no sentido de desenvolver, o máximo possível, práticas pedagógicas interdisciplinares, lúdicas e desafiadoras para as crianças; de iniciar o trabalho pelos gêneros textuais, em tese, considerados mais simples até chagar aos mais complexos; de privilegiar tanto os gêneros textuais orais quanto os escritos; e de envolver as famílias nas práticas desenvolvidas.