MANUAIS DE REDAÇÃO – DE INSTRUMENTO LINGUÍSTICO A GÊNERO DISCURSIVO
Resumo
Esta pesquisa inscreve-se na perspectiva materialista e mobiliza o dispositivo teórico-analítico da AD, a partir do qual me coloco frente ao empreendimento de compreender o modo pelo qual os manuais de redação de uma empresa jornalística, em meu caso, a Folha, se configuram enquanto um instrumento linguístico, ou ainda, como um gênero discursivo que pauta a escrita jornalística que, por sua vez, inscreve-se na produção de conhecimento sobre a história da língua e a história do conhecimento sobre a língua. Além disso, trabalho com a compreensão de que a constituição da instituição ‘jornal’ se dá em uma relação com um ‘poder dizer’ (MARIANI, 1999), instaurando uma memória discursiva no funcionamento da instituição jornalística. Meu dispositivo teórico repousa nas noções correntes da AD, mais propriamente, naquelas postuladas por Pêcheux, Henry, Guilhaumou, Maldidier, Orlandi e, recorro a Mariani, Silva, Pfeiffer e Silva para tangenciar as questões relativas ao discurso jornalístico. Compreendo em minha pesquisa as condições de produção das versões dos manuais de redação da Folha, bem como o processo de institucionalização do Grupo. Além, de buscar apresentar algumas considerações acerca do manual. Pensar o discurso jornalístico impõe que pense-se também uma questão de memória, um já dito que constitui todo o dizer; nos manuais, noto um trabalho de atualização de enunciados, num movimento que o constitui enquanto pertinente aos meandros do jornalismo e enquanto um recorte da língua, que possibilita a produção de textos que se coloquem no lugar do bem-dizer. Considerando os efeitos de sentido observados em minha pesquisa, compreendo que o manual sustenta um imaginário de referência de língua tanto para o jornalismo, quanto para a escola, que cada vez mais se apropria dos textos midiáticos.
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