O ETHOS NO GÊNERO ROMANCE: AS IMAGENS DO PIAUIENSE NOS DISCURSOS DE TEODORO BICANCA, DE RENATO CASTELO BRANCO

Resumo

É inegável a importância de se fixar uma literatura autônoma, enquanto marcada por aspectos sociais e históricos, e de se entender, nela, o discurso utilizado como um comportamento social, portanto, sujeito a regras; orientado, ocorrendo no tempo, e baseado numa meta. O presente artigo visa abordar a noção de ethos assumida pelo povo piauiense, tomando como base a narrativa Teodoro Bicanca, de Renato Castelo Branco, uma obra regionalista, centrada em hábitos, costumes e peculiaridades do povo do sertão piauiense. Nela, a ideia de subordinação de empregados a seus patrões aparece como a maior causa de lutas, insatisfações e sonhos. Mesmo tendo dedicado grande parte de sua vida à publicidade, Renato Castelo Branco nunca abandonou os traços literários que o marcam e, mesmo tendo permanecido por muito tempo fora de sua terra, o Piauí, sempre cultivou as marcas de identidades piauienses, do caboclo nordestino, da simplicidade na linguagem e na alma, voltado ao romance histórico, e se aproximando da linguagem regionalista de Jorge Amado. Percebe-se, logo, a ideia do ethos enquanto construção da imagem de si, dentro da Análise do Discurso, num estado nascido, historicamente, dos “caminhos do gado”, em que o leitor capta a essência da narrativa através de uma cenografia, que está na obra e a constitui. A necessidade de se legitimar uma obra é que norteia esta pesquisa, no sentido de evidenciar a formação da imagem de si, no estudo das condições de seu próprio dizer, o que sustenta a própria criação literária. Na obra em questão, o uso da fala típica do nordestino atua como cena de enunciação, situação de comunicação não-literária, que serve como base para a cenografia, e que leva o leitor a entender a enunciação do autor e seu próprio contexto  através dessa cena, validada. Para a elaboração desse trabalho, será utilizado o método histórico-analítico, com base na leitura do romance e utilizar-se-á o método descritivo, com análise textual, partindo de Maingueneau (2006), que diz que “a obra deve gerir a relação entre aquilo que diz e o próprio fato de poder dizê-lo”, convém lê-la, interpretá-la, e entendê-la, de forma a descrever os aspectos norteadores dessa pesquisa.