Devido aos pedidos e a atual conjura, optamos por prorrogar o prazo para submissão de trabalhos. Os material poderão ser enviados até o dia 30 de abril de 2020 para serem avaliados e os aprovados farão parte da primeira edição que tem como temática Direitos Humanos e Cultura. As relações entre direitos humanos e cultura são diversas e complexas. Os direitos humanos evidenciam a base cultural da produção histórica da consciência sobre a necessidade de instalação e consolidação dos direitos humanos que resguardem a integridade e liberdade dos indivíduos dentro da heterogeneidade, sobre forma de se viver em coletividade. Assim, a emergência dos direitos civis e políticos pode ser compreendido, a partir da consideração das revoluções burguesas dos séculos XVII e XVIII e da cultura liberal, de matriz iluminista, que constituiu, por assim dizer, o seu espírito. Por sua vez, a construção dos direitos econômicos, sociais e culturais deve ser explicada em razão da tomada de consciência histórica da questão social, isto é, das contradições inerentes à economia capitalista e da necessidade de superá-las através da ação política. Da mesma forma, a construção da cultura dos direitos humanos, no plano internacional, somente pode ser pensada consequentemente a partir dos conflitos europeus da primeira metade do século XX e, muito particularmente, a partir do resgate do princípio kantiano da dignidade humana após a barbárie nazista. As disputas em torno dos direitos humanos assumem novas formas na esfera cultural, em razão das transformações sociais e políticas contemporâneas. Os direitos conquistados por minorias sociais e políticas se tornaram um novo palco de disputas, estando incluídas questões raciais, de gênero, étnicas, dentre outras. Estes possuem suas complexidades específicas, exigindo, ao pesquisador, conhecer as particularidades do processo de produção das vulnerabilidades sociais e das subalternidades, reconhecendo assim existência de diferentes cosmologias. Os nacionalismos, a xenofobia e o discurso de ódio ressurgem, em um plano global. O reconhecimento das identidades culturais não-europeias e dos direitos dos povos colonizados deve ser enunciado segundo a sua gramática própria, quiçá decolonial, reabilitando os lugares de fala das vozes historicamente silenciadas pelo poder hegemônico. A própria natureza se apresenta, segundo certas abordagens, como um possível sujeito de direito, inaugurando uma nova cultura não etnocêntrica dos direitos, ao romper com a ordem hierárquica dos objetos humanos e não-humanos. Movimentos ambientalistas discutem as mudanças climáticas; e ativistas esboçam possíveis direitos dos humanos e não humanos que poderão, ou não, serem reconhecidos como tais no futuro, dependendo da forma como as lutas políticas, neste campo, impactarão a cultura. Ainda, na conjuntura atual, a cultura dos direitos humanos, ela própria, tem sido alvo de ataques obscurantistas que visam desqualificá-la ideologicamente. Neste contexto, entendemos que a antropologia em interface com diferentes conhecimentos possuem um potencial imenso para esclarecer as problemáticas próprias da relação entre direitos humanos e cultura, a partir de abordagens acadêmicas, teórica; e, assim, fomentar - por que não? - a cultura dos direitos humanos. A antropologia tem um contributo inestimável para os direitos humanos trazendo visibilidade a existência de diferentes grupos sociais e étnicos em contextos urbanos e rurais, entre povos e comunidades tradicionais. Seguindo tal perspectiva, a Revista Zabelê busca neste do número temático sobre Direitos Humanos e Cultura congregar pesquisas que suscitam discussões teóricas e metodológicas em diferentes contextos nacionais e internacionais abarcando áreas que dialogam com a antropologia política; antropologia e direitos humanos, etnologia indígena; antropologia urbana, etnicidade, e conflitos socioambientais, com prazo de submissão até 30 de abril de 2020. |